terça-feira, 28 de julho de 2009

Só por hoje

Só por hoje eu quero debruçar meu olhar tranquilo sobre o mundo;
E reparar na beleza das pequenas coisas que, quase sempre me passam desapercebidas.
Vou ouvir a melodia que a vida quiser me oferecer;
Sem me preocupar que seja a cantiga dos pássaros,
ou o ruído da chuva em meu telhado.
Só por hoje eu quero simplesmente amar as pessoas como elas são;
Boas ou más,
reconhecendo em cada uma delas a minha semelhança,
nas virtudes e precariedades.
Só por hoje eu quero respirar bem profundamente,
e sentir o ar penetrando meus pulmões,
sentir esse sopro de vida,
e me deixar purificar de tudo o que ainda é escuridão em mim.
Só por hoje eu não quero lembranças ou perspectivas.
Não quero fazer perguntas.
Não quero interrogações também.
Mas apenas aceitar os momentos e as situações com serenidade.
Só por hoje, no final do meu dia,
quando eu me dirigir ao Pai,
quero dar muitas graças.
Fazê-lo por cada detalhe preparado com carinho;
pelo aprendizado,
por mais uma pagina que me foi permitido cumprir.
E irei rogar-lhe apenas uma coisa...
Mais 24 horas.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Lua, luar



Muito se tem falado nos 40 anos da chegada do homem à lua. Isso trouxe sem duvida alguma muitos avanços no campo da astronomia, tecnologia e outros dos quais, sinceramente, não faço ideia. Tem até umas pessoas que duvidam que este fato tenha realmente acontecido.
Outras ainda acreditam na influencia da lua sobre as plantações, o crescimento dos cabelos e até no nascimento dos bebes!
Mas não tenho pretensão alguma de discorrer cientificamente sobre o assunto, pois não possuo conhecimento específico suficiente para tal.
Não quero falar da lua, e sim do luar.
Esse lindo fenomeno que tanto me fascina.
Luar que inspira os poetas e os amantes...
Quem nunca suspirou de amores ao observar uma linda noite de lua cheia que atire a primeira pedra!
Eu acho lindas aquelas imagens da lua refletida no mar (e essa infelizmente só vi em fotografias).
Luar nas noites quentes de verão tem uma insinuante atmosfera de romance, sugerindo doses extras de sentimentos e emoções.
Prefiro mil vezes "blue moon" àquelas imagens cinzentas apresentadas pela NASA.
Ai, ai...Fazer o que...
Se sou uma romântica incorrigível!

domingo, 12 de julho de 2009

Garota perdida

E lá estava ela, andando pelas ruas ainda meio tonta, a cabeça fervilhando de pensamentos que vinham compulsivamente, sem que ela tivesse a menor chance de refreá-los.

Não podia entender aquele "acabou", que veio assim repentinamente e havia lhe tirado o chão.

E seguia seu rumo (ou seria "sem rumo"?), totalmente alheia ao que se passava em sua volta, absorta em tantos porquês, sem achar resposta a nenhum.

De repente...BIIIIÍ! Quase fora atropelada, mas seguiu sem dar por conta do acontecido.A cabeça girava... tudo estava muito confuso.

Não, na verdade tudo era muito claro, mas sinceramente aquela era uma realidade que não estava preparada para enfrentar.

Apenas conseguia sentir aquele gosto amargo na boca, de desilusão, de desamor...

Quem poderia convence-la de que o tempo transforma sublimemente todos os sentimentos, os bons e os maus.

Mas ela não queria saber de conselhos, nada poderia fazer com que se sentisse melhor naquele momento, realmente nada!

E agora? O que fazer com tantas lembranças? É fácil arrumar o armário, mas quem poderia organizar suas ideias? Quem poderia tirar o nó da garganta, o embargo da voz?

Se ao menos conseguisse chorar, chorar compulsivamente até que se esgotassem as forças, talvez as lágrimas lhe lavassem a alma...mas não, ela não podia chorar, só o que restava fazer naquele momento era andar. Andar até que se dissipassem seus pensamentos, seus sentimentos.

Até que simplesmente sua consciência vagasse no infinito, e se juntasse ao universo, e talvez daí, apagar toda dor, toda lembrança, do que um dia ela chamou de um grande e eterno amor.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Jardim de Inverno

E lá estava Sofie, com o cachecol enrolado no pescoço, ainda que um pouco encolhida pelo frio.
Também, pudera, a temperatura estava pelos oito graus naquela manhã de inverno.
A menina tinha dez anos, e brincava distraída no jardim, sob os olhos nem tão atentos de sua ama, que se entretinha lendo algo totalmente superficial num desses almanaques.

De repente algo chama a atenção de Sofie: Uma borboleta desvensilhando-se de seu casulo e tentando abrir suas asas para alçar seu primeiro voô. Tal cena absorveu-a de uma tal maneira que a menina esquecera até mesmo as flores que estava colhendo para adornar a mesa na hora da refeição.

A mulher, curiosa, foi ver o tanto chamava a atenção da pequenina.

_Sofie, o que tanto olhas? Não perca tempo, colhe tuas flores que logo teremos que entrar.

_Veja só! -Replicou Sofie- Que beleza, uma jovem borboleta deixando seu casulo!

_Ora menina, aproveita que está indefesa e trata logo de caça-lá!

_Que horror, tens noção do que estas a dizer?

_Mas não é isso que fazes com os vagalumes e as cigarras no verão?

_Sim, mas esses são insetos "menos dignos". Minha professora de história natural falou que as borboletas, depois de viverem um longo período como lagartas, viram crisálidas, e passam muito tempo no casulo, para só então, com muita dificuldade, abrirem suas asinhas, que ainda precisam ficar bem sequinhas e daí sim, podem voar.

_E tu te compadesses com isso menina! Era só o que me faltava!

_Mas o que tu não sabes é que depois de todo esse esforço as pobrezinhas vivem muito pouco, apenas o suficiente para se reproduzir e garantir a perpetuação da espécie.

_Ah menina! Tu me vens com cada uma...

E voltou a mulher a compenetrar-se em sua leitura, enquanto Sofie dizia bem baixinho àquela borboleta que "desabrochava":

_Vai menina, o teu tempo é curto e ainda tens muito o que fazer, esse ventinho gelado há de secar logo logo tuas pequenas asas. Daí aproveita e voa, voa para longe e encontra o teu par, o tempo voa mais que tu, mas se quiseres, mesmo assim, ainda podes ser muito feliz.